segunda-feira, 12 de julho de 2010

Governo integra Entroncamento no lote dos municípios pagadores de portagens

O lugar de destaque ocupado pelo município do Entroncamento no ranking do índice do poder de compra concelhio (15.º lugar), segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), levou o Governo a colocar a hipótese de integrar o Entroncamento no lote dos municípios pagadores de portagens na A23. A Câmara Municipal está contra por considerar a medida injusta.


A notícia de que o município do Entroncamento foi incluído no lote de concelhos pagadores de portagens caiu com ”indignação” junto do executivo municipal, que aprovou imediatamente uma moção, por unanimidade, contra esta proposta do Governo. O documento foi apresentado ao executivo pela maioria social-democrata e mereceu acolhimento por parte da oposição.

O texto diz que não faz sentido penalizar os habitantes de um concelho só porque têm um pouco mais de poder de compra do que outros e atesta: também há muitos habitantes com salários baixos ou que se encontram no desemprego e, nesta perspectiva, têm o mesmo estatuto de outros que auferem salários mais elevados. A redacção da moção aponta ainda casos concretos: ”Um professor que seja de Abrantes, Barquinha, Constância ou Torres Novas e que se desloque para o Entroncamento, poderá fazê-lo gratuitamente para exercer a sua profissão. No entanto, se um professor do Entroncamento se tiver que deslocar para fora do seu concelho, terá que pagar para trabalhar. Onde está a igualdade e a justiça”, questiona.

Alexandre Zagalo, vereador socialista, reconheceu que a proposta ”não tem sentido nem razão de ser”. ”De todos os concelhos atravessados pela A23, entre Torres Novas e a Covilhã, só o Entroncamento é que paga? É uma piada de mau gosto que resulta de uma situação mal estudada. É ridículo”, concluiu.

Também Carlos Matias, do Bloco de Esquerda, se pronunciou contra a medida. É inadmissível que tenhamos que pagar portagens. O índice do poder de compra resulta de uma média e as médias escondem várias realidades diferentes”. Além disso, acrescentou, passam por dia cerca de 20 mil automóveis na A23 e 27 mil no troço entre Torres Novas e Entroncament ”Seria um absurdo incompreensível transferir estes automóveis para as estradas nacionais”, disse.

A moção que será entregue às entidades competentes, revela ainda que a A23 não está associada a uma concessão com qualquer entidade privada, logo não há perda de receitas. Assim, defende o executivo municipal, a eventual introdução de portagens no troço da A23 que está sob a administração da Estradas de Portugal, será um erro inaceitável pois é introduzir portagens onde elas nunca estiveram previstas.

in "Jornal Torrejano", 2010.07.09